Eu estou amando cada dica que tenho compartilhado aqui, mas a entrevista de hoje (que é longa e polêmica) tem um brilho a mais, não só por ter tantos detalhes que eu sei que as noivas irão amar nesse casamento e se inspirar muito, detalhes esses que eu vi de pertinho, mas o casal retratado aqui tem um lugar especial no meu coração.
A Helly Elisabeth Bowens Pereira, tem 28 anos, é formada em Administração e hoje estudante de Direito, se casou em 12/12/2015 em uma cerimonia linda seguida por uma festa incrível, tudo feito com muito carinho e com cada detalhe pensado pelos noivos.
Qual foi o estilo do seu casamento?
Meu casamento foi uma mistura de rústico, vintage, boho, hippie e gypsy, um pouco de tudo que eu e meu esposo somos, todo planejado por nós dois e executado com ajuda dos amigos e familiares. Foi ao ar livre, em chácara, inspirado na simplicidade e no aconchego dos casamentos antigos.
Meu esposo e eu temos um estilo mais solto, descontraído, e nenhum dos dois se encantava pelos casamentos que se vendem hoje em dia. Não queríamos um casamento de mercado, mas um feito inteiramente por nós. O “casamento dos sonhos” não era sonho de nenhum dos dois.
Eu não queria usar salto e vestido apertado; ele detesta terno. Não gostamos da valsa dos noivos. Não gostamos de book pré-wedding. Eu nunca quis um “dia de noiva”. E, principalmente, nos irrita muito a idéia de as pessoas não estarem à vontade, com roupas e sapatos desconfortáveis. Também não queríamos uma festa para ficarmos distante tirando fotos. Queríamos curtir com as pessoas que amamos!
Além disso, achamos um absurdo o quanto se gasta com casamentos. Somos contra todas estas “extravagâncias” que o mercado casamenteiro (aproveitando o momento de euforia emocional que os noivos vivem) vende como se fossem “necessárias”. Mas queríamos muito uma festa para reunir as pessoas que amamos, e eu fazia questão da cerimônia religiosa.
Portanto, quando decidimos que iríamos fazer uma festa, concordamos que seria uma “festa” mesmo, no melhor estilo churrasco open bar de faculdade, em que os convidados estivessem completamente à vontade, junto à natureza, sem nenhum tipo de “tradição”, sem regras a seguir. O único “ritual” seria mesmo a cerimônia religiosa.
Tivemos muita dificuldade em encontrar fornecedores que se adaptassem à nossa idéia. A dona de uma chácara de eventos chegou a dizer que os enfeites que eu queria fazer com garrafas de vidro recicladas iriam ficar feios pessoalmente, que só eram bonitos em foto, e que eu não podia considerar o evento como um churrasco, aquilo era um casamento! (Oi?)
Depois de muita procura, o casamento teve lugar na chácara Gente Regente, que pertence à Paróquia São Jorge, em Ponta Grossa (o que permitiu que o Padre pudesse realizar a celebração lá mesmo, ao ar livre), com cerimônia iniciando às 17h , seguida de recepção com costela de chão e chopp. Indico muito a realização da cerimônia e da recepção no mesmo local; agrada e facilita a todos.
A decoração foi toda elaborada por mim, pois amo DIY, e executada com auxílio de noivo, mãe, pai, sogra, sogro, tio, tia, primos, amigos... Busquei muita inspiração na Internet e no Instagram, principalmente em páginas americanas e australianas (#casamentorústico, #casamentonocampo, #casamentoboho, #bohowedding, #bohemianwedding, #barnwedding, #countrywedding, etc). Pensamos em várias coisas que poderiam ser eco-friendly, como convite em papel reciclado, decoração com garrafas de vidro e com pallets. Uma boa idéia sustentável que tivemos, e que os convidados adoraram, foi fazer canecas de chopp em acrílico, personalizadas com o nome de cada convidado.
Qual foi a decisão mais difícil de tomar? Por quê?
A decisão mais difícil foi conciliar data e local. O irmão e cunhada de meu esposo moram nos Estados Unidos, e poderiam vir ao Brasil apenas de 11 de dezembro a 4 de janeiro. O casamento teria que ser dentro deste período. Estávamos em agosto do mesmo ano. Tínhamos 4 meses apenas, e este intervalo de datas.
Nosso sonho era casar na praia, porém, após alguns orçamentos, vimos que ficaria inviável (mais um abuso do mercado casamenteiro, sem fundamento contábil algum: o superfaturamento do aluguel de espaços). O valor somente da locação dos espaços era o que pretendíamos gastar com a festa inteira. Optamos então por chácara, aqui na minha cidade. Porém, não encontrávamos vaga em nenhum local, todos já tinham agenda preenchida.
Meu sogro então conseguiu a indicação da chácara do Gente Regente, que é uma chácara utilizada para missas e retiros espirituais. Eles haviam recém construído um salão de festas e estavam em busca de locatários para angariar fundos para a Igreja. Fomos conhecer o local e nos apaixonamos. Além de tudo, o Padre seria autorizado a realizar ali a cerimônia. Fechamos com o local.
O segundo ponto mais difícil foi o tempo. Com 4 meses, tivemos que decidir muitas coisas que, se tivéssemos mais tempo, decidiríamos melhor (ex: modelo do vestido, escolha do DJ, quantidade de garçons, detalhes da decoração, plano B em caso de chuva – sim, apesar de toda
O que você fez no seu casamento que deu muito certo e recomenda para as noivas?
Gostaria de me estender um pouco aqui. Acho importante que as “brides to be” reflitam sobre isso.
Meu noivo e eu recebemos muitas críticas durante os 4 meses de preparação do casamento, inclusive de amigas próximas (que como amigas que são, apesar de criticarem, acreditaram nos meus devaneios e me ajudaram a realizar tudo o que eu queria). Mas as pessoas relutam em acreditar que algo diferente possa dar certo. As pessoas têm medo de ousar. Porém, do momento que o casamento começou e até hoje, nós só recebemos elogios.
Muitos vieram me dizer que não imaginavam que aquilo que eu falava poderia ficar legal, ficar bonito, ficar bom. E o sucesso ocorreu por um motivo principal: nós fechamos os olhos e ouvidos para a sociedade, e fizemos o que queríamos. Isto, aliado ao fato de que cada detalhe foi pensado nos colocando no lugar de convidados (o que eu gostaria numa festa?), foi o essencial para que muitos viessem nos falar que foi “o melhor casamento que já fui em minha vida!”. Ficamos muito orgulhosos.
Temos uma opinião muito negativa sobre a “indústria do casamento”. As pessoas têm uma espécie de paradigma na cabeça de que os casamentos têm que ser todos do mesmo jeito. Não digo a cerimônia religiosa, isto sim é um rito e tem seu “passo a passo”, tal qual a cerimônia civil. Mas a festa! Quem é que disse que a festa tem regras? Onde estão escritas?? Gente, A FESTA É DE VOCÊS, vocês estão pagando, vocês podem fazer o que quiserem! Se quiser casar de roxo, vermelho, preto, se quiser servir comida vegan, se quiser fazer numa balada, numa rave, vocês podem! Quem disse que não??? Aproveitem este momento, que é de vocês dois (nunca esqueça os sonhos do noivo, isto é muitíssimo importante)!
O problema é que a sociedade foi reproduzindo um “padrão’ de casamento que acabou tornando-se a única referência, como se fosse obrigatório seguir aquele protocolo! As meninas sonham com um casamento “nos moldes” que o mercado desenhou. É o que ocorreu com as festas de 15 anos também. E o mercado foi crescendo e se aproveitando deste “poder” psicológico que o casamento tem sobre as pessoas para produzir e vender e superfaturar.
Quem já casou sabe que a palavra “casamento” tem o poder de triplicar, quadruplicar, quintuplicar! o valor monetário das coisas. O problema é que algumas noivas acabam iludindo-se com tudo isso e acreditando que tudo isso é “necessário”. Até concordo que se você tem dinheiro pra rasgar, faça o que quiser. Dê Iphones de ouro de lembrança! Mas se você é normal como eu, pare, pense. É isso mesmo o que vocês querem? Este estilo de casamento tradicional é você? É seu jeito? É o jeito do seu noivo? Pra que fazer mais do mesmo? Você não é obrigada!!! Eu sempre fui contra isso. Contra seguir regras, contra seguir padrões. E tive a felicidade de encontrar alguém como eu. Fizemos tudo o que quisemos do nosso jeito.
Como seria uma festa bem “diferente”, pensamos que seria importante informar os convidados como tudo funcionaria. Além de tudo, a maioria dos convidados era de fora, então precisariam de explicações sobre a cidade e sobre o local da festa. Então decidimos colocar tudo no convite. Fizemos o convite juntos, sozinhos, e imprimimos em papel reciclado. Isto foi excelente, pois pudemos colocar todas as informações que queríamos. O convite foi em três páginas: uma principal, com data e horários, outra com dados diversos, desde dress code até endereços de hotéis e salões de beleza, e a terceira com um mapa.
Não optamos por site porque também é algo que não nos agrada (o enquadramos na categoria das inovações marqueteiras que acabam virando “moda” e “necessidade”. Juro, não somos socialistas).
Eu e meu noivo casamos de havaianas. Ele comprou na Colômbia, em viagem a trabalho, uma camisa feita artesanalmente em algodão puro. Mais shorts Hering = conforto total!
Meu vestido custou 500 reais, incluindo tecido e mão de obra, feito por uma costureira da família, e comprei outros 2 de renda (um de R$ 90,00 e outro de R$ 180,00 – adoro baratezas!) para trocar durante a festa, pois sabia que me jogariam na piscina. As coroas de flores minha e de minha filha fui em que fiz.
Não joguei buquê. Não dançamos valsa. Brindamos com chopp (nossa bebida favorita e a que marcou o primeiro encontro). Tivemos mesa de pebolim e cama elástica.
Quem trouxe as alianças foi minha avó de 95 anos, na cadeira de rodas, com auxílio de minha irmã e de minha filha. Todos se emocionaram muito.
Não tivemos mesa de doces, tivemos café colonial (na tradição de ambas as famílias, em festas de casamento do interior de Santa Catarina, serve-se o almoço ou janta, e após os convidados dançarem por algumas horas, serve-se um farto café colonial com bolos, tortas, bolachas).
Fechamos com o Supermercado e Restaurante Elite, amigos de meus pais, que servem diariamente um café colonial maravilhoso. O bolo principal foi o meu favorito, dois amores, que há anos encomendo deste mercado. Foi colocado apenas na hora do café (não queríamos nada de artificial) com direito a topo de bolo personalizado pela Larissa Fuck.
Não fiz “dia de noiva”, fiz maquiagem e cabelo com o melhor maquiador da cidade, pelo preço normal (e JUSTO). Liguei primeiramente perguntando os pacotes que existiam para noivas, pois eu queria SÓ cabelo e make – champagne eu tomo em casa. Porém não havia horário nenhum para noiva! Não desisti. Liguei de novo pedindo horário com o mesmo profissional, mas dizendo que seria madrinha. Consegui horário, e uma make só com produtos de Mac pra cima.
Então, entre tantas coisas que felizmente deram muito certo e nos renderam muitos elogios, o essencial de tudo é isto: esqueçam os padrões, a festa é de vocês, vocês são livres! Procurem, pesquisem, comparem, investiguem, arregassem as mangas e vão atrás do que vocês querem de verdade!
O que você faria diferente no seu casamento?
Como já mencionei, alguns detalhes não saíram de acordo principalmente por falta de tempo para decidir com calma. Uns sem importância, outros nem tanto.
Dentre os que realmente deveriam ser mudados, posso citar o DJ, pois optamos por um garoto novinho muito dedicado, mas cuja falta de experiência fez diferença; e a ajuda prévia das cerimonialistas. Relutamos até a última semana achando que não precisaríamos de cerimonialistas (eu me apavoro de vê-las mexendo nas noivas o tempo todo), mas no último momento vimos que seria necessário ao menos uma coordenadora e recepcionistas.
No entanto, como fechamos uma semana antes do casamento, não tivemos tempo de relatar e reforçar como queríamos cada detalhe, e por conta disso algumas coisas falharam. Teríamos da mesma forma as contratado para atuação somente no dia, mas com antecedência suficiente para que o roteiro tivesse sido repassado tantas vezes quanto necessário.
Qual foi o momento mais especial do dia?
O momento mais especial para mim foi minha entrada. Eu estava muito calma, e pretendia entrar olhando para todos os convidados, em forma de agradecimento a todos pela presença. Porém, quando meu olhar cruzou o de meu esposo, não consegui ver mais nada além dele. Éramos só nós dois, e todos ao redor eram como espíritos de luz e boa energia.
A cerimônia foi linda, parecia que estávamos numa canção, tudo fluía com naturalidade e muito amor. Estava chovendo muito até uma hora antes. Na hora da cerimônia a chuva parou e o sol brilhou lindo no horizonte para nos parabenizar.
Durante o jantar, preparei uma surpresa para meu esposo. Pedi que fizessem um discurso um amigo dele, uma amiga minha, minha irmã e o irmão dele. Foi muito emocionante.
Algum fornecedor que você gostaria de indicar para outras noivas da sua região?
Todos os fornecedores foram de Ponta Grossa, Paraná, e região. Recomendo fortemente o Supermercado e Restaurante Elite, do Sr. Aroldo, não só para eventos, mas para quem quiser um ótimo almoço e café na cidade.
Recomendo também nosso cinegrafista. Não víamos necessidade em fazer vídeo, fechamos apenas foto com a também recomendada Alessandra Rossini, que além de linda é um amor e muito talentosa. Porém, por insistência das mães fomos ver alguns cinegrafistas. Uns, pavorosos. Quase desistimos. Mas ao ver os vídeos do Rafael Kintof não tivemos dúvida. Ele nasceu para filmar emoções. Conseguiu entender perfeitamente o que queríamos, que tipo de casamento seria, e fez uma filmagem esplendorosa, impecável. Muitas pessoas que não nos conhecem vieram nos contar que choraram ao ver o trailer. Recomendo mais do que 100% se isso fosse possível!
Qual o seu conselho de amiga para as noivas?
Bom, estes foram meus conselhos, minha visão um tanto radical sobre casamento, mas acredito ser muito importante compartilhar, pois vejo que existem várias noivas que pensam da mesma forma, mas têm medo de ousar, ou são tolhidas por amigos e familiares. Acreditem em vocês!
Recado da Noiva
Quero agradecer principalmente aos que estiveram presentes na chácara nos dois dias que antecederam a festa, e no próprio sábado pela manhã, ajudando com os preparativos da decoração (e com o chopp): meu esposo lindo e cheiroso, meus pais, meus sogros, tia Elisa e tio Arno, meus primos Willyam e Carol Oneda, os amigos Willian Aguiar, Cleiton, Zé Plautz, Pati e Duda. E minhas melhores amigas que me cuidaram durante o dia todo, desde o salão até o fim da festa: Thata e Dani, amo vocês. Amei ser noiva e gostaria de ter tido mais tempo para curtir este momento mágico!
Preparar tudo, comprar juta, sisal, carregar pallets, limpar garrafas, buscar móveis antigos... Gostaria de poder realizar a festa novamente em comemoração a cada ano de casada! Beijos a todas, e sucesso!
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